O que é um cru?

A palavra cru é uma conjugação do verbo “croître”, que quer dizer “crescer”, em francês.

Mas cru é uma palavra que não encontra tradução perfeita para o português, quando utilizada no contexto do mundo dos vinhos. E, quando não é possível traduzir, é ainda mais necessário, então, explicar.

O termo cru é usado para indicar um vinhedo específico e de reputação reconhecida, localizado em um terroir de renome; e é também usado para se referir ao vinho produzido a partir dessas videiras desse vinhedo.

É comum encontrarmos o termo cru nas classificações francesas de vinho, significando um nível de presumida qualidade, que varia de região para região. Vamos a exemplos de Bordeaux:

 No Médoc, de acordo com a Classificação de 1855, Premier Cru é a qualidade máxima para os vinhos tintos, e existem apenas 5 representantes nessa categoria: Château Haut-Brion, Château Lafite-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, e Château Mouton Rothschild. Depois desses 5 Premiers Crus (1ºs vinhedos/vinhos), vem 14 Deuxièmes Crus (2ºs vinhedos/vinhos), 14 Troisièmes Crus (3ºs), 10 Quatrièmes Crus (4ºs), e 18 Cinquièmes Crus (5ºs).

 Em Sauternes e Barsac, e ainda de acordo com a Classificação de 1855, Premier Cru Supérieur é a qualidade máxima para os vinhos brancos de sobremesa, e existe apenas 1 representante nessa categoria: Château d’Yquem. Depois desse Premier Cru Supérieur, vem 11 Premiers Crus e 15 Deuxièmes Crus.

 Em Graves, e agora de acordo com a classificação própria da região, existe apenas um nível de classificação, sem hierarquia. São os 16 Crus Classés de Graves.

 Em Saint-Émilion, de acordo com sistema de classificação da região, existem 18 Premiers Grands Crus Classés e 64 Grands Crus Classés.

Vamos, agora, para a Borgonha?

 Aqui, as denominações, ou melhor, as Appellations d’Origine Contrôlée (AOC) são classificadas em 4 diferentes níveis. A maior expressão de qualidade na Borgonha é um Grand Cru. Existem 33 denominações mundialmente reconhecidas assim classificadas, como por exemplo Chablis Grand Cru, Chambertin, Montrachet e Romanée-Conti. Depois dos Grand Crus, vem os Premiers Crus, que são vinhedos específicos dentro de vilarejos, que, pela legislação, podem apresentar no rótulo, além do nome da aldeia, o nome do vinhedo em si, como por exemplo Mercurey Premier Cru Clos L´Eveque. Na sequência, a legislação contempla 44 denominações classificadas como Village, como Mercurey, e depois 23 denominações classificadas como Régionales, como Bourgogne Aligoté ou Crémant de Bourgogne.

O assunto é confuso, mesmo. Logo de cara, a gente pode perceber que, se em Bordeaux, Premier Cru é um nível de qualidade acima de um Grand Cru, o que ocorre na Borgonha é exatamente o oposto, sendo Grand Cru uma indicação superior à classificação Premier Cru.

De qualquer forma, o que a gente percebe, também logo de cara, é que essas expressões são indicativos de um grande potencial de qualidade, para os vinhos assim rotulados.

Uma curiosidade: O conceito de cru não nasceu na França, como muitos acreditam. Os romanos adotaram dos egípcios e dos gregos a noção de que certos vinhedos, ou certas regiões bem definidas, produzem vinhos de qualidade especial.

Outra curiosidade: O verbo “croître” (crescer), no masculino singular do particípio passado, conjuga-se “crû” (crescido). Outra palavra que conhecemos bem também vem do mesmo verbo. “Croissant”, que é como se chama aquele delicioso pão de massa folhada, é a conjugação do verbo “croître” (crescer), no particípio presente. Ou seja, “croissant” significa “crescente”.

Para finalizar, se você quiser ler um pouco mais sobre as diferenças entre Bordeaux e Borgonha, clique aqui.




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