Vinhas jovens ou vinhas velhas?

Assim como a panela da música, será que vinha velha é que faz bebida boa? Vamos entender...

Em primeiro lugar, um conceito: uma vinha é considerada jovem até os seus 15 anos de idade. E a partir dos 40, às vezes até antes, já começa a ser considerada velha. Mas, como não existe uma legislação que regule esses termos, cabe ao produtor decidir se, e como, usará essa informação em seus rótulos.

Ah, e quanto uma vinha vive? Às vezes, até mais de 120 anos, mas são casos relativamente raros.

 Agora, vamos aos fatos.

Nos primeiros dois ou três anos de vida, a videira está ocupada demais, criando o seu sistema de raízes e formando fortes caules. Por conta disso, uma videira recém-plantada demora uns quatro anos até que seus primeiros frutos possam ser colhidos para a produção de vinho.

Antes de completar seis anos de vida, a vinha se estabiliza, e está pronta para produzir uvas cada vez mais saborosas.

Mas o sistema de raízes das vinhas vai se modificando, e muito, ao longo do tempo. Na medida em que uma vinha envelhece, suas raízes principais penetram mais profundamente na terra.

E quanto mais complexo o sistema de raízes, mais a planta consegue regular o excesso de água e nutrientes, o que favorece a concentração e a complexidade de sabores.

 Qual o princípio disso?

Videiras jovens têm raízes muito rasas, e por conta disso ficam muito suscetíveis às variações pluviométricas. Em uma estação chuvosa, raízes sugando a água da superfície podem diluir os compostos das polpas, e, teoricamente, os sabores tendem a ficar pouco concentrados. E, durante a seca, essas videiras mais jovens tendem a sofrer de falta de água.

Já as vinhas mais velhas têm raízes profundas que costumam chegar até as reservas de água no subsolo, e são menos afetadas por essas variações pluviométricas, já que suas raízes não dependem da água de superfície, e nem são tocadas por essa água durante uma tempestade. Do mesmo modo, a profundidade do sistema radicular permite também alcançar e absorver nutrientes mais ricos do subsolo profundo, que também é menos impactado por quaisquer produtos químicos da superfície do solo.

 Então pronto: Quanto mais velha a vinha, melhor o vinho? Depende...

Em Bordeaux, as videiras precisam de pelo menos 10 ou 15 anos para produzir a uva perfeita e um grande vinho. Eventualmente, uma videira de 4 anos, nessa região, pode até produzir um bom vinho, quando sob um rígido controle de produtividade, mas raramente esse será um vinho espetacular.

Já na Califórnia, uma vinha jovem, de 4 anos, pode sim ser a responsável por um vinho fantástico. Esse é um fato amplamente conhecido pelos produtores, mas pouco divulgado, pois contraria profundamente a sabedoria convencional em voga.

 E por que acontece essa diferença?

Porque em muitas regiões viníferas da Europa, a chuva é a única fonte de água permitida, de modo a manter as características naturais do terroir. Para ler mais sobre terroir, clique aqui.

Mas em locais onde a irrigação é permitida, como na Califórnia, você dá às vinhas jovens, durante a seca, toda a água de que elas precisam, já que elas ainda não alcançam reservas profundas de água que existe no subsolo. E raramente as vinhas sofrem com excesso de chuvas, pois o clima local é seco.

Então, é assim. Vinha velha é, sim, uma boa condição, para um bom vinho. Mas não é imprescindível. Vinhos incríveis podem, sim, ser frutos de vinhas jovens. Abaixo o preconceito! E viva o vinho!




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